quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Geografia do Ceará


Fortaleza cresce em todas as direções. O aumento acentuado da população da cidade provocou a expansão da malha urbana, ultrapassando os limites municipais. Em Fortaleza, as favelas, os conjuntos habitacionais mal conservados e as áreas de risco são marcas de territórios empobrecidos em expansão que avançam em direção aos municípios vizinhos, convertendo áreas rurais em espaços sub-urbanizados. Os fluxos migratórios atraem pessoas que vêm de toda parte em busca da cidade. A maioria chega com dificuldade de ajuste à vida urbana, sem a devida qualificação profissional, numa conjuntura marcada pelo desemprego e por formas precárias de ocupação do espaço. A configuração da paisagem de Fortaleza e da área metropolitana abriga enormes grupos dos vulneráveis constituídos, principalmente, por migrantes. São pessoas em busca de um lugar na capital. Na área metropolitana de fortaleza, os imigrantes constituem, praticamente, um quarto da população.
Fortaleza é a quinta cidade brasileira com uma população superior a dois milhões e trezentos mil habitantes. A capital cearense conheceu um acentuado crescimento demográfico a partir dos anos 60, período marcado por políticas públicas que propiciaram o fluxo migratório do campo para a cidade com um conseqüente processo de urbanização vinculado ao forte incremento industrial no país, iniciado nos anos JK. A repreensão política que se inicia em 1964 e alcança seu ápice a partir de 1968, estendendo-se até o início dos anos 80 associada a medidas administrativas fazem de 1964 um ano emblemático para as cidades brasileiras. É o ano em que o “Estatuto da Terra” foi instituído, ocasionando a migração campo-cidade. Milhares de trabalhadores que moravam nas propriedades rurais a partir de sua instituição procuram lugar para sobreviver nos principais centros urbanos. A criação do Banco Nacional da Habitação - BNH, também em 1964, favorece a construção de casas populares nas cidades propiciando novas condições de moradia acompanhada da geração de emprego e renda, o que intensifica no caso cearense, o fluxo migratório para Fortaleza. É um período de forte incremento populacional urbano, especialmente metropolitano.
A especificidade de Fortaleza prende-se a fatores estruturais e conjunturais, explicativos da expansão recente da cidade destacando-se, dentre eles, a instalação de equipamentos e serviços de grande porte que começaram a apresentar os primeiros indícios do que viria a ser a metrópole fortalezense. Destaca-se também o fato de a capital cearense ter sido escolhida para tornar-se sede do Banco do Nordeste do Brasil - BNB, criado em 1952. Em 1954, é a vez da UFC - Universidade Federal do Ceará - um vigoroso marco para a consolidação do Estado. Em 1961, o DNOCS - Departamento Nacional de Obras Contra as Secas é transferido do Rio de Janeiro para Fortaleza. A criação desses órgãos e o início da instalação de infra-estrutura básica e equipamentos repercutem no expressivo aumento de postos de trabalho mais selecionados, dando início à formação de uma nova classe média. A cidade vai alterando seu perfil urbano e ampliando seu leque funcional, firmando-se como excepcional centro de serviços. Concomitante a esse crescimento, há um vertiginoso aumento do número de favelas, implantação de vários loteamentos habitacionais, o que ocasiona a formação de extensas áreas periféricas. Este anel pobre que contorna a cidade concentra milhares de imigrantes oriundos de áreas sertanejas, num crescente fluxo alimentado pelo êxodo rural, engrossado pelas fileiras de flagelados nos períodos de estiagem.
A cidade cresce muito em curto período de tempo, modificando, sobremaneira, sua configuração urbana. Considerado em conjunto, o espaço metropolitano de Fortaleza, em 2004, possui uma população que se aproxima dos 3.000.000 habitantes, constituindo-se na terceira maior concentração demográfica do Nordeste.